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Festival Liberatum, um incentivo a cultura negra

Festival Liberatum, um incentivo a cultura negra

O evento que ocorreu de 03 a 05 de novembro de 2023, teve início com apresentação na sexta (3), da ministra da cultura Margareth Menezes, convidada da mesa “Uma Vida Dedicada à Cultura” do Festival Liberatum, afirmou que a presença do evento no Brasil é um sinal da grande potência cultural que o país representa para o mundo. A mesa, mediada por Camila Apresentação, também recebeu o diretor artístico Gil Alves, nesta sexta-feira (3), no Centro de Convenções de Salvador.

A ministra ressaltou que o Brasil chama atenção dos outros países do mundo para realizações culturais. Menezes afirma que o governo busca agregar a sociedade civil no diálogo para elaboração de políticas que impulsionam a cultura.

“É necessário que a gente acredite que somos uma potência mundial neste aspecto. Estamos agora diante de um governo que acredita e dialoga. Essas ações internacionais que estão chegando para nossa Bahia não são à toa, são fruto da nossa resistência. A presença do Festival Liberatum no Brasil é um sinal de que, apesar dos desafios, o que fizemos até aqui tem sido reconhecido”, afirmou a ministra.

Viola Davis, Julius Tennon, Taís Araújo e Melanie Clark comandaram a mesa “Contos de Afrodiáspora” nesse primeiro dia de discussões do Festival Liberatum. Com participação recorde do público, os convidados conversaram sobre a criação de histórias negras a partir de um ponto de vista decolonial.

“Nossas histórias ainda não foram contadas. Mesmo quando aparecemos é sempre do ponto de vista do colonizador”, afirmou Viola Davis sobre histórias negras.

“A publicidade, o cinema e a televisão têm a responsabilidade de reconstruir essas histórias do nosso ponto de vista e a gente tem que sentir que é possível reconstruir esse imaginário”, completou Taís Araújo.

“As visões colonialistas nos dizem que a única verdade que importa é a dos colonizadores e a gente trabalhando numa indústria que pensa dessa forma. Eles não entendem o poder da diáspora porque é vasto, diverso, rápido e ainda é guiado pelo poder antigo dos ancestrais. Os conquistadores tentam destruir nossa história, mas eles não conseguem e é por isso que estamos aqui”, disse Melanie Clark.

“Um evento histórico”, afirma Paulo Rogério do Vale do Dendê sobre Festival Liberatum e assim foi iniciado o segundo dia do evento.

O convidado para a mesa sobre “Afrofuturismo, Ancestralidade, Inovação e Transformação”, Paulo Rogério, da aceleradora Vale do Dendê, opinou sobre as contribuições do Festival Liberatum para a cidade de Salvador. Dando início as apresentações do segundo dia do evento, sábado (4).

“Este evento está colocando Salvador na rota global e esta edição já ficou pra história. Eu acho incrível ter o Festival Liberatum como plataforma que conecta o que a gente já faz aqui em Salvador dando visibilidade para que isso tenha repercussão mundial”, declarou Paulo Rogério, que participou do painel juntamente com a Tânia Neres, integrante da Curadoria do case de sucesso, o Salvador Capital Afro e coordenação de Afroturismo, Diversidade e Povos Indígenas na Embratur e mediado pela presidente da Unegro/BA Marina Duarte.

Já na tarde desse sábado, o Festival Liberatum recebeu os cantores e compositores Seu Jorge e Hiran, além da atriz espanhola Rossy de Palma e sua filha Luna Garcia para mesa inspiradora com o tema “De quem é o papel da diversidade?” mediada por Ricardo Silvestre, CEO e fundador da Black Influence, uma das maiores agências de publicidade do Brasil.

A plateia teve a oportunidade de ouvir a experiência dos participantes em relação ao tema. Os convidados destacaram a necessidade de igualdade de oportunidades e representação justa de diferentes grupos construindo assim uma sociedade mais justa e inclusiva. “A gente é muito potente, quero existir “porque” e não “apesar de” pois é o que a gente merece”, pontuou Hiran, o rapper baiano que é destaque na música brasileira.

Seu Jorge aproveitou o momento para anunciar o lançamento do seu novo trabalho que contará com a parceria de grandes nomes da música baiana como Pierre Onassis, Peu Meurray e Magary Lord arrancando aplausos da plateia e emocionando a todos com sua declaração de amor a Bahia: “Sou carioca. Me identifico como um africano brasileiro, mas na Bahia me sinto completo brasileiro”.

No Centro de Convenção de Salvador esteve presente também, a Feira Artesanal do Festival Liberatum que exibiu representatividade indígena e negra entre produtores da Bahia.

Já no domingo (5), a Praça Cairu recebeu um grande Show de Encerramento do Festival Liberatum com atrações como Ground Blues Zero e Lazzo Matumbi, Orquestra Afrosinfônica, Luedji Luna, Márcio Victor e o Grupo Ilê Aiyê com convidados especiais.

O Grande Concerto apresentou ainda uma impactante homenagem a Angela Bassett. A atriz foi premiada com o Liberatum Cultural Pioneer Award como reconhecimento por sua importância para a cultura negra de todo o mundo.

Além da premiada atriz, Vovô do Ilê e Débora (Didá) também foram homenageados no evento, mediado pela jornalista Luana Assiz.

O encerramento marcou a primeira edição do Festival Liberatum no Brasil, com uma programação de nomes importantes para a cultura negra do mundo como Alcione, Viola Davis, Angela Bassett, Margareth Menezes, Seu Jorge e muitos outros.

A cidade de Salvador, com uma população de mais de 80% de afrodescendentes, é um importante berço para as discussões promovidas pelo festival e a presença de artistas do território marcam a conclusão do evento de forma representativa e com grande impacto cultural.

Um pouco do que foi o Liberatum…

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